Conselhos de um pai moribundo...

Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios."
Sl. 90. 12

Algum tempo sem escrever... porém, logo ao acordar me veio à memória o último conselho do meu pai, sentado em uma poltrona, antes de falecer. Muito debilitado o corpo, sua voz fina e quase sem sair, baixinha como um sussurro... ele me desafiou.
Um homem com 64 anos, que aos 60 descobriu um câncer no pulmão desafiador... cirurgia, quimioterapia, remédios e esperança, muita esperança. Tinha uma fé inabalável e muita teimosia. Teimosia com o câncer. Ele nunca se rendeu. Até o último dia... naquele dia, ele sabia, era seu último dia.
Mas, voltando à poltrona, naquele mês de maio, já era tarde... tinha que ir embora, trabalhava o dia todo dando aula, na semana inteira, sobrando as noites e finais de semana. Minhas noites, todas elas, eram pra ele... e naquele dia ele queria mais. Ele deseja mais de minha companhia. Então, quando falei que precisa ir... ele se expressou.
Pode ser que você não saiba, mas inevitavelmente, no ciclo da vida, em relações paternas, muitas vezes, as posições se invertem. Sim. Eu já estive no mesmo lugar dele, ora desejando companhia, ora precisando de afeto... ele sempre trabalhando. Os poucos momentos juntos, eram raros... tão raros, que eu não queria que acabassem. Lembro-me de um Natal, já era tardezinha, sentados estávamos na porta da cozinha, éramos nós dois a conversar ( eu tinha entre 9 a 10 anos) e suspirei: " Que pena que está acabando." ELE riu... e comentou com minha mãe, na mesma hora, que eu nao queria que o "Natal" acabasse... de fato, eu não queria que aquele MOMENTO natalino não terminasse pois ele estava ali. Ele não estava bêbado, não estava com pressa e nem cansado. Ele estava inteiro pra mim. O tempo passou ... foram muitos natais, até que o tempo o colocou na mesma posição que eu estive. Agora, era eu, com pouco tempo pra ele. Era eu, apressada ao me despedir. Era eu a louca pelo trabalho... Era eu sem tempo para um pai com tempo escasso. Sim... ele estava no fim.
Mas eu tinha que trabalhar. Eu lembro de ter-lhe falado: " Pai, eu tenho que trabalhar. Tenho contas a pagar... "
Foi aí, que aquele pai que um dia não teve tempo pra mim, respirou com muita dificuldade e tirou com toda força a experiência que carregava, em palavras:

TRABALHE MENOS
GASTE MENOS
VIVA MAIS

Confesso que ouvir aquilo doeu... saí de perto dele com dor no coração em saber que ele estava certo, em saber que ele deveria ter tido essa sabedoria antes, em saber que eu estava cometendo o mesmo erro com ele.... em saber que naquele momento eu não poderia mudar a situação.
O tempo passou...
Uma década. Eu mudei. Não por meu pai... por mim mesma. Quero viver mais. Quero aproveitar tudo que tenho...quero qualidade de vida. Estou diminuindo minha carga de trabalho. Estou gastando muito menos. Eu nem acredito que vivi um tempo tão futil comprando coisas e não fazendo uso delas. Gastando dinheiro sem uma prévia visão orçamentária. ( Com formação pra isso). Reduzi gastos... com a ajuda de Deus. Abri minha boca e confessei que não tinha a menor chance de fazer isso sozinha. Orei... entreguei minha vida financeira pra Deus controlar. Ele me ensinou.
Hoje, estou aqui pra lhe dar o mesmo conselho.... (nao estou moribunda.) Meu pai abriu meus olhos. E com esperança, desejo que essa postagem ajude você a abrir os seus...

TRABALHE MENOS
GASTE MENOS
VIVA MAIS

"Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma;"
Pv.24. 3
Pela cruz de Cristo, Maristela Guimarães.

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