Memórias de uma filha....



Tentando achar uma palavra que defina o meu pai... 
Meu pai, um ser em crescimento, assim o vi, enquanto crescia na singela Pureza - RJ. Um homem que não conseguia dominar seus sentimentos porque era dominado por seu vício... vício do álcool.  Ele até tentava, naquela época, ser um bom pai mas, infelizmente, não conseguia. Eu não sei como que o vício entrou na vida dele, a partir de que idade, mas sei que era alguém muito comprometido com a profissão que escolheu e com o sustento da nossa casa. Ele se esforçava em aprender com as pessoas de fora, pra quem trabalhava, hábitos, comportamentos para agregar valores. Era um homem acolhedor, mas por outro lado, era alguém rude, ferido pela vida. Nos seus intentos era forte. Um homem de decisão. Quando decidiu parar de fumar, assim o fez. Foi o primeiro vício a deixar. 

Meu pai tinha dificuldade em dizer que amava as pessoas... Depois de muito tempo, já na fase adulta, fui entender o motivo disso tudo. Não se dá o que não se aprendeu... No leito de morte, meu pai precisou pedir um abraço a sua mãe, pois esta, não sabia  manifestar amor. Era também uma mulher marcada pela vida, por isso, tão rude em seu atos. Então, meu pai tinha dificuldade em manifestar seu amor porque nunca recebeu manifestação de amor... mas era alguém que amava intensamente sua família. 

Meu pai, um ser em crescimento... decidido e firme. Assim, marcou seus últimos dez anos. Deixou a bebida e dedicou-se a Deus por completo. Um homem de habilidades natas, como a música, que foi seu último encanto... Tocar um instrumento era pouco, tinha que ser mais de um, tinha que ler partitura e tinha que reger. Uma mente excepcional, rica e frutífera. 

Meu pai tinha umas frases célebres que marcaram nossa intimidade e que carrego em meu baú de memórias. Algumas, me faz rir e outras, chorar... mas todas me ensinam sempre uma lição. 

Meu pai foi um grande exemplo pra mim do que não se deve fazer... ele me ensinou com seus erros. Também, um grande exemplo do que Deus pode fazer num homem, quando este, permite ser controlado pelo Espírito Santo... ele me ensinou com seus acertos. E eu era uma menina apaixonada, dedicada em observar cada ação e decisão no silêncio, afim de compreendê-lo. 

Meu pai, um homem mal compreendido por muitos... mas muito amado por mim. 

Não quero mais uma palavra para definir meu pai... vou, enquanto viver, descobrir outras e outras, para sentir o prazer de rever sempre nossa história com o sabor da Graça e do Amor de uma relação que lutou para ser firme.

Nenhuma tristeza... apenas, saudade. 

Pela cruz de Cristo, Maristela Guimarães.

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